Lu et approuvé.
M. Horta

Depoimentos, casos, tentativas de escrita...

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Essa coisa de dar bom dia pras paredes...

Os dias passam. Mais depressa do que eu esperava. Passam como um dia que passa, um dia daqueles em que você deve estudar, ir pra aula, fazer compras, carregar sacolas pesadas do supermercado até em casa, fazer almoço e janta, comer, tomar café da tarde, ler, estudar mais, confirmar a ortografia do francês no site da internet, ler o texto várias vezes pra ver se está tudo bem, preocupar com o dinheiro que pode faltar e relaxar também porque não vai adiantar preocupar...
A noite chegou ontem já eram umas 21:30... Isso mesmo... até então estávamos no claro do dia, no calor do sol... pela manhã o sol começa a aparecer umas 07h... Hoje acordei às 08:30 e alguns raios de sol batiam na cortina do quarto. Eles só batem essa hora porque depois as árvores impedem a luz do sol de chegar mais perto... Mas não me importo... As árvores estão verdes, em folhas e flores, sorridentes... às vezes dou bom dia pra elas... mas só às vezes...
Eu acordo. Abro os olhos lentamente... Dependendo do meu sonho, ainda tenho que pensar calmamente aonde que eu estou... se em Contagem ou em Paris... já fui embora, já voltei, já sonhei aqui e lá... a parede do quarto é branca... e a luz entra pelas olhos chamando atenção para esse próximo dia que chega...
Às vezes é impossível não dizer alguma coisa... mesmo que seja pra mim repito ainda espreguiçando um bom dia baixinho... tímido, talvez... um bom dia pras paredes, quem sabe? Essa coisa de dar bom dia... e os postais na parede, as cartas coladas, a bandeira do Brasil que me lembra que eu não estou lá, a garrafa d'água que agora me acompanha ao lado da cama, a cortina vermelha... e esse bom dia sem eco... sem resposta quero dizer...
Às vezes gosto bem das metáforas, mas às vezes é bom esclarecer todas as coisas... esclarecer, por exemplo, que gosto de escrever isso... e que amanheceu um dia de sol, ainda não muito quente... e que isso é motivo de bom dia... mesmo sabendo que vou ficar aqui escrevendo e estudando, enquanto Paris vive lá fora... vive seus turistas, seus habitantes, seus estrangeiros...
Daqui de dentro do quarto, uma sensação matinal me leva a escrever alguma coisa antes de começar a escrever um trabalho em francês... alguma necessidade mais forte talvez de dizer bom dia... e dizer bom dia agora e não no corredor, e não no quarto ao lado, e não pela mensagem no celular... acho que é por isso que escrevo hoje...
E abro a janela do quarto e digo bom dia às árvores, na esperança de que elas respondam um dia... e olho pra cada carta que chegou e dou bom dia... e me olho no espelho... _Bom dia! Quando não se tem mais que si mesmo, talvez o melhor seja se dividir em dois... na certeza de que você te escuta e te deseja mais um bom dia... talvez seja isso que alguns chamaram de "solidão de manhã"... E abro a janela do quarto e digo também _Que seja doce! Como já repetiu pra si mesmo o Caio...

_ Bom dia! Que seja doce... Agora começamos mais um dia de muitos... e um dia que nunca voltará a ser vivido... nunca...

E que no silêncio da resposta esteja o bom dia dos anjos...

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Talheres medíocres...

Tudo bem que foi barato...
Mas já não aguento mais essas duas colheres, esses dois garfos e essas duas facas... ou seja tudo que tenho de talher... soltando no meio... ou seja, dividindo a parte do cabo com a parte do talher mesmo... acho que vou ter que comprar talheres novos... :(

Dossier...

Talvez eu tenha mesmo é que parar de escrever aqui, para escrever meu dossier (trabalho acadêmico pra entregar amanhã e outro pra entregar na quinta).
Só pra dizer que eu também estudo... que eu não sei de onde vem minha dor de estômago... que eu fico com o dicionário do lado... que eu escrevi sete páginas em um trabalho e seis em um outro... e que ainda tenho que escrever mais... e que quando eu releio eu acho tudo um pouco confuso... e que eu vou aguardar ancioso o retorno dos professores... enfim... Paris também é estudar e escrever em francês... (ainda bem, é claro... era esse o objetivo na verdade!).

E eu que nem sabia direito o que era um Parc de diversões...


Foi bem divertido...
Parc Astérix.
Aquela de uma dupla de história em quadrinhos: Astérix e Obélix. O filme customa ser de sessão da tarde... Eles são praticamente a Turma da Mônica em francês... Os autores são um belga e um francês, eu acho... pelo menos me falaram que era isso...
Enfim, postagem só pra constar um dia de diversão...
De montanha russa, de velocidade máxima, de lupins (pela primeira vez na vida)... ufa!!!

Com a companhia de: Pedro, Natália e Bárbara*.

*Paulista, psicóloga, se preparando pro mestrado e em Paris desde setembro.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

O ônibus fantasma (Conexão Gent - Bélgica)


Férias de páscoa combina com mais uma viagenzinha rápida aqui perto... Combina também com amigos legais e com a gentiliza da mãe do Louis (namorado da Natália*) de nos "ceder" sua casa por quase três dias... Desde já obrigado a vocês...

Mais voilà!
Algumas informações sobre a Bélgica fazem bem e vocês podem encontrar outras várias na internet certamente...
A Bélgica é toda divida com três línguas oficiais (Francês, Alemão e Holandês) e mais vários dialetos... o país bateu o recorde em fevereiro (e já está publicado no livro dos recordes) de páis com mais tempo sem governo... já são quase, ou mais de 300 dias sem governo... isso, mesmo... tem um governo provisório pra conseguir fazer alguma coisa andar, mas na verdade eles consideram que está sem governo... mais informações no link a seguir:

Mas isso não interferiu em nada na hora de conhecer Gent.
Gent faz parte da Bélgica que fala holandês... ou seja, pela primeira vez eu não entendia absolutamente nada do que eles falavam... ou do que estava escrito e etc... uma mistura de alemão e inglês... enfim... Gent tem 243.144 habitantes (2009), sendo que muitos deles estavam viajando e outros muitos estavam aproveitando o bom tempo nos parques e nos rios que cortam toda a cidade... muitos tem barcos, carros luxuosos, conversíveis e etc... é uma cidade rica no geral...

Chegamos ainda com um pouco de claridade do sol, mas já eram quase ou mais que 21h... E logo, logo estava noite mesmo... Três bicicletas nos esperavam, simpáticas, presas do lado de fora da casa do pai do Louis... pegamos as bikes e as meninas Natália e Constanza** foram comer uma batata frita, prato típico belga... (pelo meu estômago fiz o esforço de não comer fritura)...

Saímos em direção à casa da mãe do Louis. Encontramos no meio do caminho uma lua, cheia, linda e enorme que nos recepcionou com um sorriso largo... seguimos até a casa e fomos dormir... Tudo isso pra dizer das bicicletas... Ah quanto tempo eu não andava de bicicleta! Me diverti até nesse primeiro momento e nos próximos dois pois fizemos todos os passeios de bicicleta, digo: bicicleta até o centro e depois íamos a pé porque é tudo pertinho... é uma cidade... pequena, eu diria... e com bicicletas pra todo lado...

Gent tem história... segundo o site da cidade foi uma das cidades mais importantes na Idade Média (+- 1000 - 1550). Não é à toa que bem no centro da cidade tem um castelo, não muito grande, mas bem antigo... Contruído em três etapas aí no início do milênio 1000. Entramos no castelo e visitamos tudo... Idade média combina com rei, rainha, guerra, escravos e tortura... tem tudo lá ainda... guilhotina e outras torturas...
Saímos pela cidade e fomos na igreja também milenar, literalmente... construída a sua primeira parte em mais ou menos 1150...

Gent também tem parque, com lago que fica puro gelo no inverno, mas que agora é literalmente a praia do "Gantois" (habitante de Gent, dito em francês)... O parque estava lotado, crianças na água e etc. E quando fui por pé na água... oh... muito gelada... acabei acostumando depois, mas foi custoso confesso.

No dia seguinte fomos a dois museus contrários: arte contemporânea x antiguidades. Coisas interessantes nos dois e seguimos pra curtir um pouco mais Gent, sentar a beira do rio no meio da cidade e ver os barcos passarem... logo, logo, era eu a estar dentro do barco olhado por todo mundo...

Na primeira noite encontramos com amigos do Louis e da Natália e um deles tem um barco e disse que poderia passear com a gente. Assim nos encontramos com ele no fim da tarde para o passeio de barco... foi ótimo... visitamos boa parte de Gent pelo rio, canal, sei lá... não consegui desvendar como as casas ficam do lado da água e mesmo assim continuam lá, com moradores e etc... pra mim com o tempo a água acabava entrando, mas parece que não... os meninos da cidade também não souberam me dizer como é... mas acho que a mesma coisa acontece em Amsterdam, Bruges, Veneza, Annecy, enfim... vou ter que procurar a informação...

O ônibus saía no dia seguinte de manhã e acordamos cedo para não chegarmos atrasados... Acabou que chegamos bem mais cedo... umas 08:30 (eu acho) pro ônibus que tava marcado pra 09:15. A linha de ônibus era a “Eurolines”. Esperamos até 09:15 quando chegou um ônibus com destino pra Paris e na hora que fomos entrar o motorista não deixou dizendo que aquele era o ônibus das 09:00 e não 09:15.

Ficamos achando que estávamos perdendo o ônibus e que era aquele mesmo. Mas não tínhamos muito a fazer. Além de nós ficava pra trás também uma francesa com um filho pequeno, de uns 2 anos. Esperamos. Esperamos. Esperamos. Quando era uma 09:50, eu achava que tínhamos sido enganados e que não haveria um próximo ônibus. O motorista do primeiro ônibus na verdade não deu certeza de que viria um próximo... Aí sim, quando eu já estava ligando para reclamar, aparece um ônibus vindo de Berlim, indo pra Paris, e aí entramos. Ufa! Nem acreditamos quase... Acho que foi por isso que a Constanza chamou o ônibus de fantasma... Depois de fazer várias paradas em outras cidades não previstas chegamos com um relativo atraso em Paris.


* já falei dela, :)
** Italiana, estudante de Direito e amiga da Natália.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Carinhoso...

É, meu coração, que bate feliz mas ele saber porque...
A cada dia chega uma coisa do Brasil...
Mensagens, fotos, vídeos, cartas, cartões, desenhos, beijos, abraços, bençãos...
Daqui a pouco a parede do meu quarto já não vai ter lugar pra colar tudo que chega... porque tá tudo colado, com muito cuidado, na parede do quarto... todas as cartas, desenhos e afins que chegaram pelo meu aniversário...
Queria escrever um monte de coisa sobre isso... mas basta dizer: muito obrigado, família!!! Muito obrigado por tudo nesses 23 anos e nos próximos que sei que posso contar com vocês...
Esse carinho, esse amor, esses abraços, beijos e bençãos chegam até aqui, me fazem chorar um pouquinho e sorrir bastante... Amo muito vocês!!!

_Abraços, eu, Bernardo. (ops!)
_ Abraços, eu, Diogo.

terça-feira, 12 de abril de 2011

"alguma coisa sempre faz falta" (C.F.A)

porque ouço Piaf agora...
porque aprendo a cantar "Milord"...
porque converso no facebook...
porque sei que tenho mais o que fazer do que escrever estas palavras...
porque lembro de você...
porque vejo os desenhos e as cartas coladas na parede do quarto...
porque sinto esse amor mesmo de longe...
porque adoro cozinhar...
porque tomei chá na mesquita hoje...
porque me diverto cada dia mais com a língua francesa...
parce queeee... tu vois... c'est comme ça, quoi... c'est génial quand même...
porque eu queria que todo mundo lesse em francês pra eu escrever aqui...
porque eu misturo palavras em francês no meio de uma frase em português...
porque meu vizinho toca muito mal violão...
porque eu quero comprar um acordeon...
porque eu preciso programar minha viagem...
porque eu adoro Montmartre...
porque eu entendo um pouquinho de política francesa...
porque eu vou estudar Artaud...
porque eu tenho sotaque...
porque eu eu sou estrangeiro...
porque eu já me cansei de ir no supermercado...
porque meu pé tá gelado e vou fazer um "escalda pé"...
porque eu sorrio...
porque alguma coisa sempre faz falta...

terça-feira, 5 de abril de 2011

Há 23 anos...

(Há 23 anos atrás minha mãe estava com um barrigão. Enorme. Lembro que eu não aguentava mais aquele lugar apertado. Queria sair logo dali. E além disso, eu achava que podia ajudar minha família que estava precisando. Não consegui ajudar muito não, talvez com uns sorrisos, com minha energia nova de quem descobre o mundo, posso ter dado algumas alegrias num momento difícil... mas foi só... na verdade, eu também dava muito trabalho... aquelas coisas que a gente não dá conta de controlar quando é bebê: cocô, xixi, fome, choro, enfim...
Um pouco mais de um mês depois senti que alguma coisa diferente tinha acontecido. Me olhavam com um olhar de esperança e ao mesmo tempo de tristeza... Algumas lágrimas nos olhos que eu não compreendia. Depois de um tempo, depois de muito tempo na verdade, percebi do que se tratava aquele dia. Compreendi. Entendi. E segui em frente.
Não se pode ter tudo... Segui com o espírito da vitória, da conquista, da busca pela perfeição, quase. Achava que já tinha dado trabalho suficiente e que eu deveria então "não dar trabalho".)

Comecei a escrever essa história no dia do meu aniversário (05/04), mas termino essa postagem hoje (07/04) sem continuar essa história. Já tá bom até aí... depois disso eu cresci e cheguei aqui... claro que com vários episódios que não tem nada a ver com Paris, assim como o início da história de cima também não tem, a não ser pelo fato de que um aniversário em Paris produz reflexões.

Ouço o "Fantasma da ópera".

Cá estou eu, olhando carinhosamente o desenho da Laurinha, a carta da Dindi, o pano de prato com os recados da família feito por Tia Aparecida e as cartas de Tia Angela e Heloísa.
Obrigado desde já, embora eu sinta que outras coisas ainda estão pra chegar... (enfim, só impressão, rs).

Mas o que eu queria falar mesmo hoje? Com os meus exatos 23 anos e dois dias? Ah sim... Paris!

Faço ainda uma nota acerca da primavera e de sua incrível beleza que salta das árvores em folha, das árvores em flor, das flores nos jardins, nos parques... É encantador... O aniversário foi o que eu precisava pra me dizer que é preciso começar uma atividade física. (Não, não dei conta da academia da faculdade).

Então, ontem quarta, resolvi correr. E fui ao Parque de Saint-Cloud. Achei lindo, mas o melhor ainda estava por vir. Fui correr hoje de novo e a Tamy disse que ia comigo. Ela me mostrou uma outra entrada do Parque e descobrimos: trilhas, lagos, jardins, fontes, caminhos deliciosos, ar puro, borboletas, enfim... renovei minhas energias... e já não vejo a hora de sair pra correr amanhã...

Agora é hora de descobrir mesmo os parques... os franceses estão de fato mais bem humorados... eu pela primeira vez, ontem, e segunda hoje, de bermuda, tênis e camiseta na rua... Algo incrível... Temperaturas em torno de 24º, me preocupei com o fato de queimar de camiseta, rs... O sol forte, brilhando... claridade terminando mesmo só 21h...

Umas duas semanas de férias... e muita coisa pra estudar... já planejo minha rotina de férias: estudar, estudar, correr... Há 23 anos eu não sabia nada... Depois de mais ou menos 8397 dias vividos eu penso no que sei... penso no que falta... como falta coisa... como não sei... mas é bonito ver, por exemplo, que gosto das flores, das árvores, de quase tudo que tem vida... é bom saber que gosto da música que gosto, que leio os livros que eu leio, que estudo o que eu estudo... não que esteja bom assim, sempre é possível ir além (C.F.A)... mas acho que isso tem a ver quando a gente está feliz com a gente mesmo, com o lugar que a gente se encontra... talvez tenha a ver com auto-estima... por falar nisso, cozinhem... fiquei alguns dias mais preguiçoso na cozinha e sem ingredientes muito interessantes e acabei ficando meio pra baixo... comecei a cozinhar mais com gosto, passei meu aniversário e cá estou escrevendo coisas que eu estou achando presunçoso demais, mas que vou publicar mesmo assim, porque isso é um blog e eu não preciso ter certeza de nada...

Na verdade acho que alguém lê esse blog pra saber de uma viagem à Paris e não pra saber sobre o meu estado psicofísico, o que eu penso sobre mim mesmo, ou o que deixo de pensar... mas enfim... (achei que fiquei desinteressante... rs...)

O que contar, então?
Que assisti duas peças de Ibsen, de um grupo Argentino, dirigidas por Daniel Veronese, com tradução em francês e que foi bem interessante. Posso contar também que voltei pra casa do meu aniversário às 03:30h da madrugada... que peguei um ônibus e andei um pouquinho a noite, estava agradável e é super tranquilo por aqui... posso dizer que são 22:28h da noite e que a janela está aberta e eu sem camisa... posso dizer que amanhã não tenho aula... posso dizer que quando eu ler isso aqui daqui uns 2 anos vou lembrar exatamente de cada coisa e que por isso tenho vontade de escrever ainda mais... posso contar que Paris se iluminou na primavera... posso contar que eu fiz abdomnais depois da corrida de hoje... e também que eu não acreditava que a Tamy daria conta de correr tudo comigo... E que o Pedro passou mal e o médico disse que era catapora, mas ele não acreditou muito... E que comprei passagem para ir pra Gent com a Natália... posso contar que fui num espetáculo de improvisação e que apesar deles falarem muito rápido eu entendi quase tudo... \o/... inclusive as piadas... posso contar que colei tudo na parede do quarto... o mural de recados do dia da despedida, as cartas da minha mãe que vieram escondidas na mala, as cartas que chegaram à cause de mon anniversaire... posso contar que estou mais falante e puxando assunto em francês, com franceses, pra treinar mais... que agora ça marche mieux...
que meus dedos estão doendo de escrever e que paro por aqui...