(Há 23 anos atrás minha mãe estava com um barrigão. Enorme. Lembro que eu não aguentava mais aquele lugar apertado. Queria sair logo dali. E além disso, eu achava que podia ajudar minha família que estava precisando. Não consegui ajudar muito não, talvez com uns sorrisos, com minha energia nova de quem descobre o mundo, posso ter dado algumas alegrias num momento difícil... mas foi só... na verdade, eu também dava muito trabalho... aquelas coisas que a gente não dá conta de controlar quando é bebê: cocô, xixi, fome, choro, enfim...
Um pouco mais de um mês depois senti que alguma coisa diferente tinha acontecido. Me olhavam com um olhar de esperança e ao mesmo tempo de tristeza... Algumas lágrimas nos olhos que eu não compreendia. Depois de um tempo, depois de muito tempo na verdade, percebi do que se tratava aquele dia. Compreendi. Entendi. E segui em frente.
Não se pode ter tudo... Segui com o espírito da vitória, da conquista, da busca pela perfeição, quase. Achava que já tinha dado trabalho suficiente e que eu deveria então "não dar trabalho".)
Comecei a escrever essa história no dia do meu aniversário (05/04), mas termino essa postagem hoje (07/04) sem continuar essa história. Já tá bom até aí... depois disso eu cresci e cheguei aqui... claro que com vários episódios que não tem nada a ver com Paris, assim como o início da história de cima também não tem, a não ser pelo fato de que um aniversário em Paris produz reflexões.
Ouço o "Fantasma da ópera".
Cá estou eu, olhando carinhosamente o desenho da Laurinha, a carta da Dindi, o pano de prato com os recados da família feito por Tia Aparecida e as cartas de Tia Angela e Heloísa.
Obrigado desde já, embora eu sinta que outras coisas ainda estão pra chegar... (enfim, só impressão, rs).
Mas o que eu queria falar mesmo hoje? Com os meus exatos 23 anos e dois dias? Ah sim... Paris!
Faço ainda uma nota acerca da primavera e de sua incrível beleza que salta das árvores em folha, das árvores em flor, das flores nos jardins, nos parques... É encantador... O aniversário foi o que eu precisava pra me dizer que é preciso começar uma atividade física. (Não, não dei conta da academia da faculdade).
Então, ontem quarta, resolvi correr. E fui ao Parque de Saint-Cloud. Achei lindo, mas o melhor ainda estava por vir. Fui correr hoje de novo e a Tamy disse que ia comigo. Ela me mostrou uma outra entrada do Parque e descobrimos: trilhas, lagos, jardins, fontes, caminhos deliciosos, ar puro, borboletas, enfim... renovei minhas energias... e já não vejo a hora de sair pra correr amanhã...
Agora é hora de descobrir mesmo os parques... os franceses estão de fato mais bem humorados... eu pela primeira vez, ontem, e segunda hoje, de bermuda, tênis e camiseta na rua... Algo incrível... Temperaturas em torno de 24º, me preocupei com o fato de queimar de camiseta, rs... O sol forte, brilhando... claridade terminando mesmo só 21h...
Umas duas semanas de férias... e muita coisa pra estudar... já planejo minha rotina de férias: estudar, estudar, correr... Há 23 anos eu não sabia nada... Depois de mais ou menos 8397 dias vividos eu penso no que sei... penso no que falta... como falta coisa... como não sei... mas é bonito ver, por exemplo, que gosto das flores, das árvores, de quase tudo que tem vida... é bom saber que gosto da música que gosto, que leio os livros que eu leio, que estudo o que eu estudo... não que esteja bom assim, sempre é possível ir além (C.F.A)... mas acho que isso tem a ver quando a gente está feliz com a gente mesmo, com o lugar que a gente se encontra... talvez tenha a ver com auto-estima... por falar nisso, cozinhem... fiquei alguns dias mais preguiçoso na cozinha e sem ingredientes muito interessantes e acabei ficando meio pra baixo... comecei a cozinhar mais com gosto, passei meu aniversário e cá estou escrevendo coisas que eu estou achando presunçoso demais, mas que vou publicar mesmo assim, porque isso é um blog e eu não preciso ter certeza de nada...
Na verdade acho que alguém lê esse blog pra saber de uma viagem à Paris e não pra saber sobre o meu estado psicofísico, o que eu penso sobre mim mesmo, ou o que deixo de pensar... mas enfim... (achei que fiquei desinteressante... rs...)
O que contar, então?
Que assisti duas peças de Ibsen, de um grupo Argentino, dirigidas por Daniel Veronese, com tradução em francês e que foi bem interessante. Posso contar também que voltei pra casa do meu aniversário às 03:30h da madrugada... que peguei um ônibus e andei um pouquinho a noite, estava agradável e é super tranquilo por aqui... posso dizer que são 22:28h da noite e que a janela está aberta e eu sem camisa... posso dizer que amanhã não tenho aula... posso dizer que quando eu ler isso aqui daqui uns 2 anos vou lembrar exatamente de cada coisa e que por isso tenho vontade de escrever ainda mais... posso contar que Paris se iluminou na primavera... posso contar que eu fiz abdomnais depois da corrida de hoje... e também que eu não acreditava que a Tamy daria conta de correr tudo comigo... E que o Pedro passou mal e o médico disse que era catapora, mas ele não acreditou muito... E que comprei passagem para ir pra Gent com a Natália... posso contar que fui num espetáculo de improvisação e que apesar deles falarem muito rápido eu entendi quase tudo... \o/... inclusive as piadas... posso contar que colei tudo na parede do quarto... o mural de recados do dia da despedida, as cartas da minha mãe que vieram escondidas na mala, as cartas que chegaram à cause de mon anniversaire... posso contar que estou mais falante e puxando assunto em francês, com franceses, pra treinar mais... que agora ça marche mieux...
que meus dedos estão doendo de escrever e que paro por aqui...
Vc escreve super bem!
ResponderExcluirEu fui citada, ahhhhh =D
Eba! Claro! :)
ResponderExcluirOla Diogo, Parabens atrasado. Muita saude e, como sabemos, o resto nos construimos do nosso jeitinho.
ResponderExcluirGostei muito do que li. Fico feliz por ter dividido muitos momentos com voce e todos da sua super familia.
Nao vejo a hora de ve-los por aqui.
Beijos,
Lavinia
Eeeee...
ResponderExcluirBrigado!!!
Sim, nos vemos em breve!!!
beijos.