Lu et approuvé.
M. Horta

Depoimentos, casos, tentativas de escrita...

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

A despedida...

Contagem, 11 de agosto de 2011

Tomo fôlego pra escrever as últimas palavras...
A última postagem...
Fechar esse ciclo...

E não tenho muito o que dizer além de dizer que voltei diferente... e que sigo agora querendo sempre descobrir novos mundos e viajar, viajar, viajar... pra perto, pra longe, mas viajar...
Descobrir mundos, pessoas, lugares... olhar com olhos de admiração a flor no jardim, a estátua da praça, querer saber a história, buscar referências, conhecer...

Comprei no total 46 livros... aumento consideravelmente minha pequena e tímida bibliotecazinha... vou precisar de tempo pra ler tudo isso...

Colei algumas coisa na parede do meu quarto aqui... tentando recuperar aquela parede do quarto em Paris... mas é diferente... nem melhor, nem pior... diferente... espero colar os postais também... deixo um tempo, um mundo, um tanto de coisa pra trás... mas na esperança de conquistar e descobrir outros mundos aqui mesmo...

Tomara que eu consiga...
E que seja ainda melhor agora... e cada vez melhor do que foi antes... aqui ou em Paris...

Obrigado aos que acompanharam, torceram, compartilharam todos os momentos da viagem...

Paris - Barcelona - Gent - Nancy - Londres - Bruxelas - Brugge - Chamonix - Lisboa - Sintra - Fátima - Pontevedra - Santiago de Compostela - Madrid - Marseille - Avignon...

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Paris, 02 de Agosto de 2011

Volto!

Volto porque volto... porque quero... porque sou obrigado...
Volto feliz... volto triste...

Mas não quero repetir as palavras das últimas postagens e e da última postagem que provavelmente falará coisas do tipo "valeu a pena hei hei!!!"...

Sei lá... queria escrever sobre a primeira mala arrumada... descrever o que tem dentro... essa coisa de malas... que se faz, transporta, de faz... essa coisa de carregar um pedaço de mundo, um pedaço de si, pra um outro lugar... essa coisa de se fazer transportar mais inteiro, com as coisas que te dão ainda mais qualidade de ser o que se é... e as lembrancinhas... os presentes... as encomendas...

(Camille toca a nota "si" do CD "je suis la jeune fille aux cheveux blancs")

Não consigo dormir cedo... desde que voltei todos os dias esbarro em 1h da manhã e não acordo antes de 10h30...

Paris Plage ocupou minhas últimas duas tarde com a companhia de Bárbara e Pedro...
A areia é agradável, os coqueiros também... mas não tem jeito, não tem mar... e por mais que o Sena faça bem o seu papel de rio, não poder pular na água descaracteriza a parte praia da coisa... mas tem duchas e tentativas de refrescamentos... quadra de volei de praia em frente hotel de ville e essas coisas que só acontecem em Paris...

Assisti 3 filmes em 3 dias seguidos pra compensar que quase não vi filmes aqui...

Harry Potter et les reliques de la mort 2
Minuit à Paris
Pina

Completamente diferentes, é claro... e um ótimo conjunto pra celebrar a pluralidade parisiense...

Mandava mensagem pra Tamy... que se não foi muito falada aqui é porque começou a fazer parte do cotidiano e aí a gente nem fala... Desses amigos que se faz uma vez e pra sempre... depois de compartilhar jantares, problemas, conversas, histórias, aulas, enfim... e onde estou morando nesses últimos dias, fazendo da casa dela minha casa... rs...

E por hoje é só... o sono chega, a garganta seca, os olhos pesam...

amanhã tem mais Paris... ainda tem mais Paris...


sexta-feira, 29 de julho de 2011

Paris, 29 de julho de 2011

Parto. Em uma semana, nessa mesma hora já estarei no avião em direção ao Brasil.

O que é um coração dividido? O meu.
O que é um coração tristinho? O meu.
O que é um coração feliz? O meu.
O que é um coração aliviado? O meu.
O que é um coração duvidoso? O meu.
O que é um coração?

Paris.
Conexões.
Tour Europe 1.
Tour Europe 2.

Para além dos mochilões, para além das cartas recebidas, para além da língua fluente, para além das pessoas conhecidas, para além dos espetáculos vistos, para além das paisagens bonitas, para além dos museus, para além das pontes, para além dos pontos de visita turística, para além das novas comidas experimentadas, para além das provas em francês, para além dos quilômetros caminhados, para além do metrô, para além dos livros, para além dos souvenirs, para além das fotos tiradas, para além dos vinhos, para além de seis meses longe... existe alguém muito feliz por ter feito tudo isso...

quinta-feira, 21 de julho de 2011

O por do sol mais bonito da vida!

Sim, em algum momento devem ter me falado ou devo ter imaginado que um por do sol na praia seria bonito.

Nunca pude vê-lo, ou pude e nao lembro, nao sei... acontece que hoje eu vi... o mais bonito... o desenho das nuvens, a mudança das cores, as sutilezas, enfim... sò precisa dizer enquanto espero o sono chegar o que vi... as fotos serao anexadas depois nessa postagem...

deu sono...

de Marseille...

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Pausa... Madrid

p.s. nao vai dar pra colocar til em nada, estou na lan house, em Madrid...

Nesse 20 minutos que me restam de internet quero dizer que:

Logo estarei de volto...
que me alegro e sofro ao mesmo tempo porque vou voltar...
que ainda tenho muito que viajar...
que quero focar minha atençao na viagem...
que estou sozinho...
que viajo com minha mochila e estou orgulhoso por isso...
que a partir de agora quero viajar sempre...
qu eu nao sabia o que era viajar...
que eu nao conheço Minas como deveria...
que eu quero me encantar pelas ruas, pelas praças, pelas pessoas da cidade que vivo (mesmo que isso seja difícil)
que quero voltar para os braços e abraços que tanto me faltam...
que quero comer comidas gostosas...
que quero um monte de coisas que nao sei o que é...
que quero um trabalho...
que quero montar um espetáculo que émeu TCC...
que quero nao pensar em trabalho agora...
que quero nao pensar no futuro...
que quero pensar no futuro e decidí-lo de uma vez por todas...
que quero sair...
que quero ficar em casa vendo rede globo...
que quero açaí...
que quero sair daqui da lan house e andar à toa e perdidamente pelas ruas charmosas de Madrid...
que vou andar mais hoje...
que vou ver o pôr do sol...
que vou me concentrar em agradecer por estar aqui...
que vou me alegrar por realizar todos esses sonhos...
que vou pra Marseille e Avignon ainda...

quero dizer ainda
que tomei sorvete, que comprei perfume, que fiz o caminho de Santiago de Compostela e caminhei 65 km...
que todos tinham que caminhar também e muito mais...
que voltarei para caminhar os 250km a partir de Porto (Portugal)...
que tenho planos... que também nao tenho planos...

que quero que isso seja uma pouco um raio-x e por isso esse tanto de informacao solta...
que quero lembrar de casa coisa depois...
que afinal esse diário é mais meu que tudo...
que quero levar prsentes...
quero presentear todo mundo...
que levar lembrancinhas e tentarei fazê-lo com carinho...

ainda me restam 10 minutos...

e quero dizer que agadeço à cada um...
e quero dizer que passou rápido...
e quero dizer que somos bem vistos aqui...
que temos que crescer...
que temos que valorizar nossa história, nosso povo, nosso patrimônio, nossa cultura, tudo...

temos que valorizar cada metre quadrado desses milhoes que temos...
temos que valorizar esse sorriso e esse sofrimento...

temos que cuidar uns dos outros... de verdade... e tentar fazer que sejamos um país melhor... com cada um fazendo sua parte mesmo...

ilusao?
pode ser...

mas que seja registro do que pode... do que podemos se quisermos... porque muitos com suas brigas históricas por aqui nao podem nem sonhar...

porque ao invés de querer voltar pra cá, quero fazer do meu país o país que eu quero viver e ainda está pronto pra viver do jeito que eu quero...

seja como for... que façamos... e que possamos construir o nosso país como queremos que ele seja e nao aceitando seus problemas como se fossem normais e imutáveis...

utopico? mas quem vive sem utopias tb?

20:40 da noite com sol, Madrid, Espanha, Europa...

terça-feira, 5 de julho de 2011

O caminho (Os caminhos)

Desses rumos que se toma... e que não se volta...
Desses caminhos que se acha... e não se perde...
Desses caminhos escondidos... e que não se pode encontrar...
Desses muros que separam... e que ligam...
Desses encontros que marcam... e fazem história...

“Algo tão pequeno como o vôo de uma borboleta pode causar um tufão do outro lado do mundo.”

Desses momentos que se constroem do nada... e que depois de construídos são as mais inabaláveis das construções...

As coisas mudam... quase sem querer... seja pelo que foi feito hoje, ontem, ante-ontem, ou há meses, ou anos atrás... a cada dia uma porta... em cada porta um caminho... às vezes mais de um caminho na mesma porta...

Abro a porta... volto pra trás? ou continuo?
Que lugar é esse? Conheço? Arrisco? Ou prefiro refletir mais um pouco?

Fluxo... entrega... confiança...

Pausa. (A música está na pausa... é a última música da trilha sonora de LavouraArcaica, Bach, a mesma escutada em Saint-Chapelle no início de junho).

Caminhos cruzados.
Misturados.
Um simples cantar... um simples escutar... e o mundo marcha sozinho...

"Laissez passer. Laissez faire. Et le monde va de lui même."

Uma revolução... na França... (Francesa?)

Agora o trecho do livro sobre o tempo:
"Rico só é o homem que aprendeu piedoso e humilde a conviver com o tempo" (Raduan Nassar)

E o tempo passa, como já me horrorizei por várias vezes nesses seis meses... com que velocidade... os amigos que chegaram junto comigo já começam a ir embora... em breve sou eu, deixando pra trás outros, é claro...

Um ciclo... um fluxo... um caminho... caminhos...
De cada um, que cruza com outros uns e faz piruetas com as vidas dos outros... e com as próprias...

Mas vamos para o a parte prática...
Amanhã faço minha primeira viagem sozinho... sozinho... sozinho... com algumas companhias imaginárias, é claro... e quais caminhos encontrarei? quais tomarei? quais caminhos?

Caminhos... Os... O... Caminho...

Desses caminhos que a gente vai pegar... e que gente não tem ideia de onde vai dar...
Só se sabe que são caminhos e caminhos levam sempre para um algum lugar...

A Santiago, a Fátima, ao mar, a praia, a pessoas, a lugares, a outros caminhos, a dinheiro, a alegrias, a tristezas, a outras pessoas, a amigos, a conhecidos, a fotógrafos anônimos, a vida, vidas... histórias...



quarta-feira, 29 de junho de 2011

E lá se foram cinco meses...

E lá se foram momentos, viagens, experiências culinárias, dúvidas, decisões, estudos, planos, sonhos pra realizar e realizados...
Não se foram, na verdade, estou aqui guardados nas postagens e na minha vida, é claro...

Não deu pra escrever nesse tempo todo... e agora corro contra o tempo da internet durar mais um pouquinho... vai acabar em minutos... escrevo rápido...

Amanhã às 11h entrego o quarto, as chaves, esse pedaço de mim, construído por mim de pouco a pouco nessa cidade encantada... os livros, as cartas, tudo já saiu da parede... agora só ficou o branco do quarto e uma manchinha que pode me custar alguns euros...

A mala é gigante... a maior que já fiz...

O projeto agora é: Vamos praticar o desapego.

Vamos viver mais de uma mês sem um lugar meu de fato... é casa de amigos ou hostels... é mala num lugar, eu em outro, outra mala em outro lugar... é mudança... é novidade... é: "meu Deus, e agora?"

Sobram sorrisos e lágrimas disso tudo... sobram carinhos e relações fortes construídas em tão pouco tempo... sobram histórias, aventuras e caminhos...

E onde chegamos depois disso tudo?
Não tenho ideia... ainda... quem sabe algum dia eu saiba...

Agora é uma nova fase... ainda mais com cara de turista... o último mês foi de turismo total... de boas surpresas e de saudades um pouco amenizadas... foi um mês de alturas, de vôos, de conhecimentos e de sonhos realizados ao lado da minha mãe!!! Obrigado mãe!!!

Agora a onda é eu sozinho... aquela história do bloco do eu sozinho... mas vamos juntos com o peito cheio de saudade, de amor, de fé, de mais sonhos... de mais descobertas e aventuras...

Não ouço nada... o silêncio é entrecortado pelo barulho de água escorrendo da geladeira, do barulho do teclado... a minha garganta seca... como se quisesse chorar... a lágrima que não pula... o sorriso de missão cumprida e de final de fase... matei um chefão, agora é a fase especial, e aí começamos uma nova fase mais avançada...

Olho pro apartamento pra saber se tem mais alguma coisa que precisa ser dita... não sei...
obrigado... talvez...
força... talvez...
vai com Deus... talvez...
boa viagem... talvez...
te amo... talvez...

e essas são só palavras assopradas no meu ouvido para me dizer ainda mais uma vez que eu nunca estou sozinho e que um dia também crio asas...

quinta-feira, 2 de junho de 2011

E lá se foram quatro meses...

Paris, Paris...
Tu me manques déjà...
Já sinto sua falta mesmo ainda caminhando nas tuas ruas...

Repito: o tempo passa rápido... O Pedro assustou quando eu disse que eu tinha cancelado a minha internet. O DRI manda e-mail sobre o fim do intercâmbio. A Júlia sobre o fim da moradia.

Só pra constar, nesse meu escrito rápido, que desde que cheguei envelheci um pouco, fiz aniversário, aprendi a dar bom dia a mim mesmo, a colar coisas importantes na parede, a sentir saudade, a abraçar em pensamento, entendi um pouco os franceses, entendi um pouco mais a língua francesa, entendi o que eles falam, consegui falar com eles, saí, bebi vinho, comi queijo e crepe, fiz crepe, fiz amigos, fiz as contas, contei dinheiro, achei que não ia dar (e ainda acho), ouvi órgão, andei por ruas da idade média, rezei, agradeci, cantei, dansei, atuei, fiz comida, inventei comidas, comi nutella, champigon, camembert, gruyère, brie, coulomiers... vivi... (dentre outras coisas indizíveis... ...)

terça-feira, 31 de maio de 2011

Um novo tempo...

A partir de amanhã não tenho mais internet em casa.
AFF!
A partir de amanhã meu passe navigo não me permite mais me deslocar de metrô em Paris.
AFF!
A partir de amanhã completo quatro meses em Paris.
UFA!
A partir de depois, de depois de amanhã, eu estou completamente de férias da escola.
EBA!
E a partir de depois de depois de amanhã minha mãe chega.
EBA! EBA!

Agora não vou esscrever muito mais... eu acho... grandes postagens, como as outras... e sim talvez um pouco de cada cidade, de cada lugar que eu passar nos próximos dois meses antes de voltar casa...
Vou também tentar escrever num diário à mão e depois digito para colocar aqui... São os planos...
Os planos são muitos... As expectativas também...
Viagens de trem, de avião, de ônibus, a pé...
Hospedagens diversas...
Lugares diversos...
Gentes diversas tb... rs.

Um novo tempo...
Novas asas... Novos vôos...
Novas línguas, novos mundos...
Velhos mundos...

Ainda não enviei as cartas que escrevi para mandar para o Brasil...
Não deu tempo... e penso em deixar para levar comigo...

O frio vem de repente... invade as ruas e depois segue seu caminho... espero não cruzar com ele muito por aí... nós não nos damos muito bem mesmo... é verdade...

Comprei mais um pote de Nutella... Agora faço crepe em casa... tudo começou com a ideia da Ana, amiga da Bárbara , e eu adorei... Já penso em levar para o Brasil, com certeza faremos sessões de crepes para família e amigos...

Como completo 4 meses?
Vixi... quase louco corendo contra o tempo para aproveitar o máximo e também descansando o máximo porque vai ser uma verdadeira maratona todas as viagens que vem por aí...

Bom... ainda antes de meia-noite eu venho escrever de novo para aproveitar...

Vou tirar um cochilo de depois do almoço, coisa que quase nunca faço aqui...

domingo, 29 de maio de 2011

E eu que sempre acho que sei os caminhos...

O domingo pedia uma aventura, uma caminhada, um treino de resistência para o Caminho de Santiago de Compostela, talvez...
O sol quente, o céu azul... almoço e enquanto me repouso no pós-almoço tenho um insight:
vou até a torre eiffel a pé!!! Genial...

A Torre Eiffel fica do lado do Sena... o Sena passa a 10 minutos da minha casa... pensei?
Vou seguir o curso do rio e chego lá... ainda olhei no google para saber a distância e o percuso... 10 km... perfeito...

Saí de casa... e quando cheguei na margem do rio, nem pensei para que lado deveria ir... achei que era óbvio, como sempre acho... tenho sempre certeza dos caminhos...
depois de quase duas horas de caminhada, resolvo olhar me mapa do metrô onde aparece o contorno do rio e pá... estava errado... eu tinha que ter ido para o outro lado...

Objetivo não cumprido...
Agora espero fazer o trajeto certo amanhã ou depois... veremos...

Mas não era só isso que eu queria dizer...

Eu sempre acho que sei os caminhos... e sempre (ou quase) estou errado... Paris ainda faz muitas armadilhas... já consigo me orientar bastante, mas com certeza ainda vou ficar perdido por aí...

achei nulle essa postagem... mais c'est pas grave...
de qualquer forma, se isso é pra ser um diário... escrevi mais uma página de um dos últimos finais de semana em Paris... putz... é verdade... já começo a contar os dias... mesmo estando a pouco mais de dois meses da volta...

sábado, 28 de maio de 2011

Asas.

Ele tinha umas asas nas costas.
Ainda pequenas. Tímidas. Os olhos olhavam sempre pro alto, sonhando com o dia em que alcançaria as nuvens... em que passearia mais perto das estrelas... em que se encontraria com a lua para ver os buracos e descobrir assim a presença ou ausência do dragão...
Ele tinha asas nas costas.
Asas brancas, de finas penas, com a textura da seda e o brilho do ouro. Asas que cresciam com o passar dos dias, que se mexiam com ternura e ventilavam com doçura ao redor. Asas que brilhavam no sol e no escuro, que se sacudiam após o banho encharcando todo o banheiro.
Ele tinha asas nas costas.
O tamanho das asas lhe dava a sensação de que chegara o dia de se aventurar pelos céus. As asas ocupavam mais espaço dentro de casa... encharcavam ainda mais o banheiro e se encolhiam um pouco para passar nas portas... Asas de amadurecimento, de tempo que passa e de objetivos construídos...
Ele tinha asas abertas.
Que se mexiam coordenadamente num vai e vém mais ou menos rápido, empurrando o ar para se manter nos céus... e que as vezes se abriam com toda a sua amplitude para pairar no céu e viajar pelas nuvens... as nuvens brancas, gotículas refrescantes num bom tempo de primavera de cores...
O universo sorria a cada giro, a cada pirueta que ele dava no ar... As flores sorriam, as folhas gargalhavam... o vento brincava, desafiava, dava as emoções necessárias para a aventura continuar... era o mundo do céu agora... o mundo sem os pés na terra... o mundo suspenso...
Eles tinham asas nas costas.
Todos. Porque ele não era o único que pairava no azul.
E depois vinha o tempo em que os pés sentiam também a falta da terra. E o tempo em que era preciso descansar as asas. E depois o tempo em que era preciso voltar a terra. Tocar os pés no chão, como naquela época de asas pequenas. Seria preciso deixar as nuvens e o azul... por um tempo... porque não se pode viver nos céus o tempo todo...
Ele tinha asas nas costas.
Asas descansadas prestes à alçar vôo de novo... essas asas que também chamamos sonhos...

quinta-feira, 19 de maio de 2011

As contradições.


"En ce temps-là, Paris était une ville qui correspondait à mes battiments de coeur. Ma vie ne pouvait s'inscrire autre part que dans ses rues. Il me suffisait de me promener tout seul, au hasard, dans Paris et j'étais heureux."

São um pouco, ou completamente contraditórias a frase de cima e a frase da foto que já publiquei aqui alguma vez...

Mas a contradição é realmente presente o tempo todo entre o novo de agora e o que ficou pra trás...

Mas é contraditório também que nesse momento no qual caminhar pelas ruas de Paris já basta eu acho um trabalho de "teleopinião" pra fazer... ça veut dire... ligar para o Brasil para fazer "uma pesquisa de opinião sobre rações super prêmios para cães e gatos" ...

E aquele fone de ouvido que aperta os ouvidos... e o macarrão que eu como quando eu chego, já quase meia-noite invento de jantar...

A noite cai às 21h40, mais ou menos...
O calor e o frio convivem desordenadamente...

As pessoas são simpaticas... as pessoas são chaaaatas... começo desede já a campanha: "Sejamos sempre muito educados com as pessoas de telemarketing porque eles não tem culpa de estar ali te telefonando"... seja por viajar pela Europa em julho ou para pagar as suas contas no fim do mês do outro lado da linha tem um ser humano que vive, sente e que mesmo que você não ligue, é meio impossível de distanciar quando alguém te trata muito mal...

Eu em viagem à Paris também é fazer esse trabalho inédito... rotinas de 8h... cálculo do tempo... da pausa... metas... rs... felizmente ou infelizmente é só essa semana ou no máximo no início da outra... esporádico assim...

E se eu dissesse que depois de um dia de trabalho tenho vontade de dançar quando chego em casa?

O passe Navigo, o RER, o A e o D, a Royal Canin, o Train, Gare de Lyon, La Défense, Saint-Cloud... Maisons Alfort, Saint-Germain en Laye, Bossy, ROVO, ZEUS, St-Nom-la-Bréteche, La Verrière... Partes de um cotidiano parisiense...

E o avental, o lixo laranja, a bandeira do Brasil, os desenhos na parede, os cartões postais, a agenda, o caderno, a caneta, a "cesta" de frutas, as placas do "fogão", a água quente, os livros, a garrafa d'água, a bota, as meias, a chave, o chaveiro do Brasil, o 330, a cortina vermelha, o edredon branco, os roteiros de viagem... e eu... e meu quarto... e a residência de saint-cloud... e paris... e île-de-france... e a França... e Europa... E o hemisfério norte... E o mundo... E o espaço... E o sistema solar... E a galáxia... e ...


sábado, 14 de maio de 2011

É preciso que se fale de teatro...

Paris tem um número enorme de espetáculos por noite...
Quase todos com bom público até onde eu sei... E espetáculos de todos os tipos, internacionais, nacionais, contemporâneos, clássicos, musicais, pastelões e afins...

Acabo de chegar da "Comédie-Française"! Fui assistir sem muito prever antes "Un tramway nommé désir"("Um trem chamado desejo" de Tennesse Williams) a primeira peça em 330 anos de Comédie-Française que não é de um autor francês...
Mas isso é só uma curiosidade... Desde 1680 a Comédie-Française constrói e mantém um repertório de espetáculos, com textos franceses, que são realizados durante o ano todo...

Esse é um pequeno exemplo clássico de um dos muitos lugares em que se pode assistir espetáculos em Paris... Vale notar que em todos os espetáculos que já fui até hoje, acho que contabilizo 7 exatamente, tinham um bom público ou estavam esgotados... e infelizmente, esgotaram "Fin de partie" de Beckett e "Rhinocéros" de Ionesco e então não pude ver... C'est dommage !

Mas enfim... as pessoas vão ao teatro... e muito...
Dá gosto de ver...

É cultura? Costume? Situação econômica? Ou tudo junto?

A publicidade demonstra bem que teatro aqui é negócio também e os investimentos são realmente feitos tanto em divulgação quanto em cenários, figurinos, encenação em si, porque eles sabem que o retorno virá...

E nós? Investimos também? Como investir? Sabemos se teremos público para ir ao teatro nos assistir em Belo Horizonte?

Eu sinceramente não sei...
Como mudar a situação também não sei...

É claro que comparar Paris e Belo Horizonte é um pouco demais da minha parte, mas sinto que é preciso fazê-lo querendo ou não... não sei a realidade de São Paulo, nem do Rio... mas pra gente, não acho a coisa muito boa...

Mas é em tudo também, é claro... quantos anos Paris existe, quantos anos Belo Horizonte existe... mas falta tudo... coisas básicas... as preocupações aqui são outras... o discurso político se preocupa com outras coisas é claro, com a energia nuclear por exemplo... para passar toda a essa energia para uma energia mais limpa... enfim... com a melhoria a cada dia do transporte público que já é infinitamente melhor do que o nosso... como uma cidade como Belo Horizonte não tem um metrô? Esse trenzinho que tem aí não é metrô, de verdade... eu achava que era, mas vi que metrô é bem diferente disso... enfim... penso no futuro também agora... como lidar com isso aí vendo de uma outra forma e o que fazer pra tentar mudar alguma coisa?

E falemos ainda um pouco mais de teatro...
No jornal hoje que ganhei na porta da Comédie-Française uma frase escrita na capa do jornal ficou martelando um pouco na minha cabeça:

"La culture est une résistance à la distraction" (Pasolini) - "A cultura é uma resistência à distração".

Voilà !
Lembrei com essa frase que as pessoas leêm muito aqui... Muito... no metrô a todo momento... lançamento de livros de um autor é motivo de vários cartazes publicitários... Livros aqui são muito baratos... tem uma coleção de vários livros de bolso, novos, por 2 euros cada... e na mesma coleção outros títulos à no máximo 6 euros...
Quase toda família francesa tem uma verdadeira biblioteca particular... distração ou resistência à distração? resistência, eu acho...

Por enquanto só ficam as perguntas... mas eu não brinco de fazer teatro...
Sempre que eu falo que eu sou ator ou as pessoas dizem que adoram teatro mas nunca vão ou elas pensam se eu vou pra Globo... normal... mas seria isso sintoma de alguma coisa?

Ser ator "de teatro" é o que afinal?
É bonito?
É legal?
É uma loucura?
É uma aventura?
É digno?
É curioso?
...
É o quê, hein?

E teatro? É o que mesmo?






As rosas não falam...


Que perfume...
Não esse perfume que estamos acostumados... um perfume francês natural no seio das rosas...
Elas agora reinam... São grandes roseiras repletas de rosas, de pétalas, de perfumes...

Não sei se pela primavera, os franceses estão, no geral, mais sociáveis... alguns são sempre, outros são sempre distantes... na verdade, acho sempre melhor guardar uma distância, já que os costumes são outros... abraçar alguém que você não tem muita intimidade é um problema... o beijo no rosto também não pode ser um beijo de verdade... é mais aquela coisa de bochecha mesmo...

Mas não era bem isso que eu queria dizer...
O fato é que o tempo continua passando rápido e sinto que vou escrever isso aqui em todas as próximas postagens... Acontece que a partir do momento em que se fixa uma data, essa data aproxima com um velocidade incrível... óbvio... mas rápido demais...

Posso ainda fazer uma lista grande com todos os lugares que ainda não fui... em Paris mesmo... decidi voltar a ser turista o quanto antes, mas os compromissos com o término da faculdade impedem uma dedicação exclusiva...

Faço o que posso... O que não dá é pra ficar em casa mesmo... mas aí se gasta mais dinheiro e esse também acaba rápido... rápido demais por sinal...



Lembro da minha Vó e do meu Vô com seus jardins...

Me acho sem inspiração pra escrever alguma coisa que preste.

Hoje faz sol, com muitas nuvens... são 11:41 da manhã e ainda não terminei o meu trabalho para o M. Ryngaert.
Esse é o último semestre dele de curso, ele aposenta e dei muita sorte de ter aula com ele nesse semestre. Afinal, não é sempre que você pode ter aula com o autor de vários livros da bibliografia de várias disciplinas que você já fez... Mas também não é nada fácil fazer a análise dos textos propostos, ainda mais em francês...

De tudo fica a notícia de que comprei mais livros e dentre ele achei um livro sensacional sobre vinhos... se chama "Le vin" e custou apenas 3 euros... como livro é barato por aqui... rs...

Mas é sempre bom lembrar que mesmo em Paris as rosas não falam... o que não impede que eu fale com elas... rs...


quarta-feira, 11 de maio de 2011

É campeão ou o que faltava de teatro... (Conexão Nancy)

O tempo está muito corrido para escrever nesse blog.
Mesmo com meu trabalho custoso para entregar na semana que vem, me permito uma pausa para escrever algumas palavras sobre o final de semana, ou melhor dos quatro dias de 05 à 08 de maio que estive em Nancy para "Le semaine de l'impro" produzida pela "Companhia Crache-Texte" e que tive o prazer de participar como ator/jogador/improvisador.

Nancy é uma cidade pequena, numa região da França que se chama "Lorraine" e de onde vem o nome de um prato típico francês a "Quiche Lorraine". Tem vários tipos de quiche e a Lorraine é com bacon. Basicamente é um torta de queijo com bacon, se é que podemos resumir tão simplesmente assim um prato francês. Não podia deixar de comer uma quiche lorraine em plena lorraine e foi exatamente o que fiz... mas não só...

"La semaine de l'impro" estava na sua quarta edição e pela primeira vez o festival realizaria a "Copa da Europa de Improvisação Teatral". A partir de um contato que sai do Brasil, passa pelo México e chega em Nancy, sou chamado para ocupar uma vaga no time da Espanha. Depois de algumas dúvidas sobre o time defendemos a bandeira amarela e vermelha eu (brasileiro), Omar Argentino (Argentino e grande referência na Impro, uma honra conhecê-lo e jogar com ele), Raquel (espanhola) e Dani (também espanhol), os dois últimos também com bem mais experiência na Impro que eu e também uma honra jogar com eles...

Para não entrar muito em detalhes basta dizer que por sorte, destino ou sei lá o quê, eu estava no lugar certo, na hora certa em que as pessoas certas se encontrariam para preparar o espetáculo de quinta a noite. "Carte Blanche para Fábio Maccioni", ou seja, carta branca para o Fábio fazer o que quisesse. Os convites para fazer o espetáculo tinham sido feitos previamente por quem o Fábio conhecia, e ainda não nos conhecíamos. Se encontram então Fábio (italiano), Maja (Alemã), Raquel (Espanhola), Lieselotte (holandesa), Ralph (inglês), Omar (Argentino) e Fayssal (Francês). Acabei caindo no meio deles e por gentileza me perguntaram se eu queria fazer o espetáculo. Eu disse que adoraria e em pouco depois estavam ensaiando juntos o espetáculo que aconteceria 2 horas depois. Assim foi o espetáculo: improvisamos, em um long form cheio de imagens e poesia, histórias sobre a "Neve" (tema dado pelo público) e cada um falava em sua língua materna... Foi uma delícia fazer o espetáculo e receber a ótima recepção do público.

Na sexta, saí cedo para conhecer a cidade... Como disse não uma grande cidade e também não tem muitos pontos turísticos... mas valeu a pena conhecer a Place Stanislas e o Parc Perpinière... No parque vários animais, sobretudo aves, e o presente de ver um pavão com suas pena todas abertas saudando o sol da manhã... Além disso, igrejas, ruas de uma cidade da Lorraine.

Na sexta de noite, participei do espetáculo "La nuit des fous" (A noite dos loucos) onde improvisaríamos sem hora para acabar o espetáculo... Teve música, vídeo, dança, teatro, marionetes e etc... Começamos o espetáculos às 22h e fomos acabar lá pras 03h... com um intervalo no meio...

Sábado começa o Match de Improvisação com 08 equipes européias, a saber: França, Luxemburgo, Países baixos, Espanha, Suiça, Itália, Bélgica e Nancy. Terminamos a primeira fase em primeiro da chave.
No domingo a tarde jogamos a semi-final com a Itália.
No domingo a noite jogamos a final contra a França. Numa partida super apertada, empatada em 4 a 4 e com uma cena desempate, acabamos levamos o campeonato para a Espanha. E eu e Omar para a América do Sul, querendo ou não...

Além disso, tive direito ao primeiro programa de rádio da vida... em francês e improvisando... infelizmente foi super corrido... mas de qualquer forma foi bem divertido...

Já estava com muita falta de improvisar, sobretudo com público... e foi sensacional...
Oportunidade única na vida!!!

Bom, eu poderia falar ainda mais coisas... já o trabalho para o M. Ryngaert me pede para dar atenção para ele...

domingo, 1 de maio de 2011

Eu alaguei meu quarto! (Comemoração 3 meses...)

Ah... por onde começar? Me pergunto... vamos lá... voltemos alguns dias atrás...

Antes de sexta-feira (29/04) eu sonhei que estava na rua de uma cidade que eu não conhecia, acho que em Portugal. O rio da cidade começou a encher e a transbordar e eu vi com muita clareza, e a imagem é viva na minha cabeça ainda, a água que entrava e escorria aos poucos para dentro de uma casa... ia entrando, assim... e eu saí dali correndo.

Sábado. Ontem, dia 30/04, ainda de manhã, depois de utilizar o banheiro para o xixi matinal, vou dar descarga pela segunda vez por outro motivo que já não me recordo (é verdade, não lembro porque, mas não foi porque eu fiz nº 2) e a descarga não funcionou... Pensei que era questão de tempo, mas no decorrer do dia ela também não funcionou e está até agora estragada... Comecei, desde então, a encher o balde com o chuveiro (que é um chuveiro móvel) e a jogar na privada para fazer descer as necessidades e os papéis (que aqui se deve jogar na privada, nada de lixo com papel de banheiro)... Achei meio chato esse negócio de ter que encher o balde sempre e pensei que eu poderia deixar o balde já cheio para facilitar... E assim venho fazendo... até essa noite de domingo...

Cheguei em casa por volta das 20h, hoje, depois de ter ido na casa da Graça* ensaiar um pouco para as apresentações que acontecerão no Festival "Parfums de Lisbonne" promovido pela companhia "Cá e Lá" e que estou fazendo parte nesse semestre. Cheguei, comi alguma coisa, tomei banho e fui preparar o jantar... coloquei água pra ferver para fazer um macarrão (tinha frango com brócolis pronto e eu só ia juntar com o macarrão e colocar um queijo fondue pra variar... sempre coloco esse queijo em tudo agora...). Assim fiz... Depois de colocar a água fiz o nº1 e o balde estava vazio. Coloquei para encher, joguei na privada e pensei: "Vou colocar para encher de novo, para facilitar depois..." E assim fiz...

Esqueci de dizer que no sábado de manhã eu lavei roupa... e que a secadora de roupa não seca a roupa completamente... e que, portanto, saio espalhando roupas pelo apartamento todo para poder secar... eu tinha colocado as meias e as cuecas pra terminar de secar no banheiro...

Assim que, depois que coloquei o balde para começar a encher eu olhei pro lado e vi as cuecas... e as meias... e estava tudo seco... peguei tudo e fui guardar... olhei pra minha câmera de tirar foto e pensei... amanhã vou usar a câmera e ela está acabando a bateria... então vou colocar filmando à toa para acabar com a bateria...

Me esqueci de dizer também que eu ouvia a trilha sonora de "Grease"... A primeira música tocou, eu guardava as cuecas... fui começar a guardar as meias... passei pra máquina de tirar foto... e tocava agora "Summer nights"... ouço então o barulho da água do macarrão que fervia... pensei: "Vou colocar o macarrão"... e nesse momento me desloco dançante até a pequena cozinha... e quando aí chego piso numa poça d'água... faço uma exclamação que iria se repetir por algum tempo... "_Shit!" Tento saber a origem da água, bem confuso, e vejo o banheiro todo alagado, a água transbordando do balde, a água saindo do banheiro e indo pro resto do quarto... passando pela cozinha e seguindo... "Pânico"... Inacreditável... Desliguei o chuveiro... e comecei a tirar as coisas do chão... papel higiênico, bolsa com perfume, aparelho de barbear e afins... a roupa suja no canto, dentro de uma sacola... e a toalha suja embaixo da sacola já encharcada... muita água...

Detalhe: o banheiro aqui não tem ralo... a não ser dentro da parte de tomar banho que fica uns 20 cm acima do nível do banheiro... ou seja, a água não tinha lugar para escoar...

Começo a jogar toalha, panos de chão e afins... Tamy chega na minha casa para olhar uma coisa de uma trabalho dela sobre Boal... a vizinha abre a porta ao mesmo tempo... elas conversam a Tamy pega um esfegão emprestado pra mim... eu explico o ocorrido... ela traduz pra vizinha que não entendeu nada porque eu falei em português com a Tamy... e fico aí uns 20 minutos secando tudo... molhando a toalha e os panos no chão, torcendo, e voltando a molhá-los...

Ufa! Foi essa a festa de comemoração de três meses em Paris... lembro depois que eu tinha colocado a câmera para ficar filmando "o nada" para gastar a bateria... e incrivelmente eu tinha colocado a câmera virada para a cozinha e para o banheiro... ou seja, tem mais de 8 minutos de gravação desse momento único na minha vida... desde a descoberta da água na cozinha, passando pela chegada da Tamy, da vizinha, do vizinho que passou depois, e de uma parte da secagem...

Tenho a dizer ainda que nada melhor para fazer esquecer uma dor no estômago... que doía um pouco... e depois disso não doeu mais, até agora... 23:15... quando consigo escrever... depois de já ter ajudado a Tamy no trabalho de Boal e depois de ter assistido toda a gravação feita pela minha câmera sem querer...

Agora eu posso dizer: _Eu alaguei meu quarto... E alagaria várias vezes para curar minha dor de estômago...

então que seja doce...

hoje fiz mais uma vez arroz-doce (já tinha feito no final de semana passado)...
e que seja leve...
e que seja sem dor de estômago...



*Professora do Departamento de português da Faculdade de Nanterre, diretora da "Companhia Cá e lá".

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Essa coisa de dar bom dia pras paredes...

Os dias passam. Mais depressa do que eu esperava. Passam como um dia que passa, um dia daqueles em que você deve estudar, ir pra aula, fazer compras, carregar sacolas pesadas do supermercado até em casa, fazer almoço e janta, comer, tomar café da tarde, ler, estudar mais, confirmar a ortografia do francês no site da internet, ler o texto várias vezes pra ver se está tudo bem, preocupar com o dinheiro que pode faltar e relaxar também porque não vai adiantar preocupar...
A noite chegou ontem já eram umas 21:30... Isso mesmo... até então estávamos no claro do dia, no calor do sol... pela manhã o sol começa a aparecer umas 07h... Hoje acordei às 08:30 e alguns raios de sol batiam na cortina do quarto. Eles só batem essa hora porque depois as árvores impedem a luz do sol de chegar mais perto... Mas não me importo... As árvores estão verdes, em folhas e flores, sorridentes... às vezes dou bom dia pra elas... mas só às vezes...
Eu acordo. Abro os olhos lentamente... Dependendo do meu sonho, ainda tenho que pensar calmamente aonde que eu estou... se em Contagem ou em Paris... já fui embora, já voltei, já sonhei aqui e lá... a parede do quarto é branca... e a luz entra pelas olhos chamando atenção para esse próximo dia que chega...
Às vezes é impossível não dizer alguma coisa... mesmo que seja pra mim repito ainda espreguiçando um bom dia baixinho... tímido, talvez... um bom dia pras paredes, quem sabe? Essa coisa de dar bom dia... e os postais na parede, as cartas coladas, a bandeira do Brasil que me lembra que eu não estou lá, a garrafa d'água que agora me acompanha ao lado da cama, a cortina vermelha... e esse bom dia sem eco... sem resposta quero dizer...
Às vezes gosto bem das metáforas, mas às vezes é bom esclarecer todas as coisas... esclarecer, por exemplo, que gosto de escrever isso... e que amanheceu um dia de sol, ainda não muito quente... e que isso é motivo de bom dia... mesmo sabendo que vou ficar aqui escrevendo e estudando, enquanto Paris vive lá fora... vive seus turistas, seus habitantes, seus estrangeiros...
Daqui de dentro do quarto, uma sensação matinal me leva a escrever alguma coisa antes de começar a escrever um trabalho em francês... alguma necessidade mais forte talvez de dizer bom dia... e dizer bom dia agora e não no corredor, e não no quarto ao lado, e não pela mensagem no celular... acho que é por isso que escrevo hoje...
E abro a janela do quarto e digo bom dia às árvores, na esperança de que elas respondam um dia... e olho pra cada carta que chegou e dou bom dia... e me olho no espelho... _Bom dia! Quando não se tem mais que si mesmo, talvez o melhor seja se dividir em dois... na certeza de que você te escuta e te deseja mais um bom dia... talvez seja isso que alguns chamaram de "solidão de manhã"... E abro a janela do quarto e digo também _Que seja doce! Como já repetiu pra si mesmo o Caio...

_ Bom dia! Que seja doce... Agora começamos mais um dia de muitos... e um dia que nunca voltará a ser vivido... nunca...

E que no silêncio da resposta esteja o bom dia dos anjos...

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Talheres medíocres...

Tudo bem que foi barato...
Mas já não aguento mais essas duas colheres, esses dois garfos e essas duas facas... ou seja tudo que tenho de talher... soltando no meio... ou seja, dividindo a parte do cabo com a parte do talher mesmo... acho que vou ter que comprar talheres novos... :(

Dossier...

Talvez eu tenha mesmo é que parar de escrever aqui, para escrever meu dossier (trabalho acadêmico pra entregar amanhã e outro pra entregar na quinta).
Só pra dizer que eu também estudo... que eu não sei de onde vem minha dor de estômago... que eu fico com o dicionário do lado... que eu escrevi sete páginas em um trabalho e seis em um outro... e que ainda tenho que escrever mais... e que quando eu releio eu acho tudo um pouco confuso... e que eu vou aguardar ancioso o retorno dos professores... enfim... Paris também é estudar e escrever em francês... (ainda bem, é claro... era esse o objetivo na verdade!).

E eu que nem sabia direito o que era um Parc de diversões...


Foi bem divertido...
Parc Astérix.
Aquela de uma dupla de história em quadrinhos: Astérix e Obélix. O filme customa ser de sessão da tarde... Eles são praticamente a Turma da Mônica em francês... Os autores são um belga e um francês, eu acho... pelo menos me falaram que era isso...
Enfim, postagem só pra constar um dia de diversão...
De montanha russa, de velocidade máxima, de lupins (pela primeira vez na vida)... ufa!!!

Com a companhia de: Pedro, Natália e Bárbara*.

*Paulista, psicóloga, se preparando pro mestrado e em Paris desde setembro.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

O ônibus fantasma (Conexão Gent - Bélgica)


Férias de páscoa combina com mais uma viagenzinha rápida aqui perto... Combina também com amigos legais e com a gentiliza da mãe do Louis (namorado da Natália*) de nos "ceder" sua casa por quase três dias... Desde já obrigado a vocês...

Mais voilà!
Algumas informações sobre a Bélgica fazem bem e vocês podem encontrar outras várias na internet certamente...
A Bélgica é toda divida com três línguas oficiais (Francês, Alemão e Holandês) e mais vários dialetos... o país bateu o recorde em fevereiro (e já está publicado no livro dos recordes) de páis com mais tempo sem governo... já são quase, ou mais de 300 dias sem governo... isso, mesmo... tem um governo provisório pra conseguir fazer alguma coisa andar, mas na verdade eles consideram que está sem governo... mais informações no link a seguir:

Mas isso não interferiu em nada na hora de conhecer Gent.
Gent faz parte da Bélgica que fala holandês... ou seja, pela primeira vez eu não entendia absolutamente nada do que eles falavam... ou do que estava escrito e etc... uma mistura de alemão e inglês... enfim... Gent tem 243.144 habitantes (2009), sendo que muitos deles estavam viajando e outros muitos estavam aproveitando o bom tempo nos parques e nos rios que cortam toda a cidade... muitos tem barcos, carros luxuosos, conversíveis e etc... é uma cidade rica no geral...

Chegamos ainda com um pouco de claridade do sol, mas já eram quase ou mais que 21h... E logo, logo estava noite mesmo... Três bicicletas nos esperavam, simpáticas, presas do lado de fora da casa do pai do Louis... pegamos as bikes e as meninas Natália e Constanza** foram comer uma batata frita, prato típico belga... (pelo meu estômago fiz o esforço de não comer fritura)...

Saímos em direção à casa da mãe do Louis. Encontramos no meio do caminho uma lua, cheia, linda e enorme que nos recepcionou com um sorriso largo... seguimos até a casa e fomos dormir... Tudo isso pra dizer das bicicletas... Ah quanto tempo eu não andava de bicicleta! Me diverti até nesse primeiro momento e nos próximos dois pois fizemos todos os passeios de bicicleta, digo: bicicleta até o centro e depois íamos a pé porque é tudo pertinho... é uma cidade... pequena, eu diria... e com bicicletas pra todo lado...

Gent tem história... segundo o site da cidade foi uma das cidades mais importantes na Idade Média (+- 1000 - 1550). Não é à toa que bem no centro da cidade tem um castelo, não muito grande, mas bem antigo... Contruído em três etapas aí no início do milênio 1000. Entramos no castelo e visitamos tudo... Idade média combina com rei, rainha, guerra, escravos e tortura... tem tudo lá ainda... guilhotina e outras torturas...
Saímos pela cidade e fomos na igreja também milenar, literalmente... construída a sua primeira parte em mais ou menos 1150...

Gent também tem parque, com lago que fica puro gelo no inverno, mas que agora é literalmente a praia do "Gantois" (habitante de Gent, dito em francês)... O parque estava lotado, crianças na água e etc. E quando fui por pé na água... oh... muito gelada... acabei acostumando depois, mas foi custoso confesso.

No dia seguinte fomos a dois museus contrários: arte contemporânea x antiguidades. Coisas interessantes nos dois e seguimos pra curtir um pouco mais Gent, sentar a beira do rio no meio da cidade e ver os barcos passarem... logo, logo, era eu a estar dentro do barco olhado por todo mundo...

Na primeira noite encontramos com amigos do Louis e da Natália e um deles tem um barco e disse que poderia passear com a gente. Assim nos encontramos com ele no fim da tarde para o passeio de barco... foi ótimo... visitamos boa parte de Gent pelo rio, canal, sei lá... não consegui desvendar como as casas ficam do lado da água e mesmo assim continuam lá, com moradores e etc... pra mim com o tempo a água acabava entrando, mas parece que não... os meninos da cidade também não souberam me dizer como é... mas acho que a mesma coisa acontece em Amsterdam, Bruges, Veneza, Annecy, enfim... vou ter que procurar a informação...

O ônibus saía no dia seguinte de manhã e acordamos cedo para não chegarmos atrasados... Acabou que chegamos bem mais cedo... umas 08:30 (eu acho) pro ônibus que tava marcado pra 09:15. A linha de ônibus era a “Eurolines”. Esperamos até 09:15 quando chegou um ônibus com destino pra Paris e na hora que fomos entrar o motorista não deixou dizendo que aquele era o ônibus das 09:00 e não 09:15.

Ficamos achando que estávamos perdendo o ônibus e que era aquele mesmo. Mas não tínhamos muito a fazer. Além de nós ficava pra trás também uma francesa com um filho pequeno, de uns 2 anos. Esperamos. Esperamos. Esperamos. Quando era uma 09:50, eu achava que tínhamos sido enganados e que não haveria um próximo ônibus. O motorista do primeiro ônibus na verdade não deu certeza de que viria um próximo... Aí sim, quando eu já estava ligando para reclamar, aparece um ônibus vindo de Berlim, indo pra Paris, e aí entramos. Ufa! Nem acreditamos quase... Acho que foi por isso que a Constanza chamou o ônibus de fantasma... Depois de fazer várias paradas em outras cidades não previstas chegamos com um relativo atraso em Paris.


* já falei dela, :)
** Italiana, estudante de Direito e amiga da Natália.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Carinhoso...

É, meu coração, que bate feliz mas ele saber porque...
A cada dia chega uma coisa do Brasil...
Mensagens, fotos, vídeos, cartas, cartões, desenhos, beijos, abraços, bençãos...
Daqui a pouco a parede do meu quarto já não vai ter lugar pra colar tudo que chega... porque tá tudo colado, com muito cuidado, na parede do quarto... todas as cartas, desenhos e afins que chegaram pelo meu aniversário...
Queria escrever um monte de coisa sobre isso... mas basta dizer: muito obrigado, família!!! Muito obrigado por tudo nesses 23 anos e nos próximos que sei que posso contar com vocês...
Esse carinho, esse amor, esses abraços, beijos e bençãos chegam até aqui, me fazem chorar um pouquinho e sorrir bastante... Amo muito vocês!!!

_Abraços, eu, Bernardo. (ops!)
_ Abraços, eu, Diogo.

terça-feira, 12 de abril de 2011

"alguma coisa sempre faz falta" (C.F.A)

porque ouço Piaf agora...
porque aprendo a cantar "Milord"...
porque converso no facebook...
porque sei que tenho mais o que fazer do que escrever estas palavras...
porque lembro de você...
porque vejo os desenhos e as cartas coladas na parede do quarto...
porque sinto esse amor mesmo de longe...
porque adoro cozinhar...
porque tomei chá na mesquita hoje...
porque me diverto cada dia mais com a língua francesa...
parce queeee... tu vois... c'est comme ça, quoi... c'est génial quand même...
porque eu queria que todo mundo lesse em francês pra eu escrever aqui...
porque eu misturo palavras em francês no meio de uma frase em português...
porque meu vizinho toca muito mal violão...
porque eu quero comprar um acordeon...
porque eu preciso programar minha viagem...
porque eu adoro Montmartre...
porque eu entendo um pouquinho de política francesa...
porque eu vou estudar Artaud...
porque eu tenho sotaque...
porque eu eu sou estrangeiro...
porque eu já me cansei de ir no supermercado...
porque meu pé tá gelado e vou fazer um "escalda pé"...
porque eu sorrio...
porque alguma coisa sempre faz falta...

terça-feira, 5 de abril de 2011

Há 23 anos...

(Há 23 anos atrás minha mãe estava com um barrigão. Enorme. Lembro que eu não aguentava mais aquele lugar apertado. Queria sair logo dali. E além disso, eu achava que podia ajudar minha família que estava precisando. Não consegui ajudar muito não, talvez com uns sorrisos, com minha energia nova de quem descobre o mundo, posso ter dado algumas alegrias num momento difícil... mas foi só... na verdade, eu também dava muito trabalho... aquelas coisas que a gente não dá conta de controlar quando é bebê: cocô, xixi, fome, choro, enfim...
Um pouco mais de um mês depois senti que alguma coisa diferente tinha acontecido. Me olhavam com um olhar de esperança e ao mesmo tempo de tristeza... Algumas lágrimas nos olhos que eu não compreendia. Depois de um tempo, depois de muito tempo na verdade, percebi do que se tratava aquele dia. Compreendi. Entendi. E segui em frente.
Não se pode ter tudo... Segui com o espírito da vitória, da conquista, da busca pela perfeição, quase. Achava que já tinha dado trabalho suficiente e que eu deveria então "não dar trabalho".)

Comecei a escrever essa história no dia do meu aniversário (05/04), mas termino essa postagem hoje (07/04) sem continuar essa história. Já tá bom até aí... depois disso eu cresci e cheguei aqui... claro que com vários episódios que não tem nada a ver com Paris, assim como o início da história de cima também não tem, a não ser pelo fato de que um aniversário em Paris produz reflexões.

Ouço o "Fantasma da ópera".

Cá estou eu, olhando carinhosamente o desenho da Laurinha, a carta da Dindi, o pano de prato com os recados da família feito por Tia Aparecida e as cartas de Tia Angela e Heloísa.
Obrigado desde já, embora eu sinta que outras coisas ainda estão pra chegar... (enfim, só impressão, rs).

Mas o que eu queria falar mesmo hoje? Com os meus exatos 23 anos e dois dias? Ah sim... Paris!

Faço ainda uma nota acerca da primavera e de sua incrível beleza que salta das árvores em folha, das árvores em flor, das flores nos jardins, nos parques... É encantador... O aniversário foi o que eu precisava pra me dizer que é preciso começar uma atividade física. (Não, não dei conta da academia da faculdade).

Então, ontem quarta, resolvi correr. E fui ao Parque de Saint-Cloud. Achei lindo, mas o melhor ainda estava por vir. Fui correr hoje de novo e a Tamy disse que ia comigo. Ela me mostrou uma outra entrada do Parque e descobrimos: trilhas, lagos, jardins, fontes, caminhos deliciosos, ar puro, borboletas, enfim... renovei minhas energias... e já não vejo a hora de sair pra correr amanhã...

Agora é hora de descobrir mesmo os parques... os franceses estão de fato mais bem humorados... eu pela primeira vez, ontem, e segunda hoje, de bermuda, tênis e camiseta na rua... Algo incrível... Temperaturas em torno de 24º, me preocupei com o fato de queimar de camiseta, rs... O sol forte, brilhando... claridade terminando mesmo só 21h...

Umas duas semanas de férias... e muita coisa pra estudar... já planejo minha rotina de férias: estudar, estudar, correr... Há 23 anos eu não sabia nada... Depois de mais ou menos 8397 dias vividos eu penso no que sei... penso no que falta... como falta coisa... como não sei... mas é bonito ver, por exemplo, que gosto das flores, das árvores, de quase tudo que tem vida... é bom saber que gosto da música que gosto, que leio os livros que eu leio, que estudo o que eu estudo... não que esteja bom assim, sempre é possível ir além (C.F.A)... mas acho que isso tem a ver quando a gente está feliz com a gente mesmo, com o lugar que a gente se encontra... talvez tenha a ver com auto-estima... por falar nisso, cozinhem... fiquei alguns dias mais preguiçoso na cozinha e sem ingredientes muito interessantes e acabei ficando meio pra baixo... comecei a cozinhar mais com gosto, passei meu aniversário e cá estou escrevendo coisas que eu estou achando presunçoso demais, mas que vou publicar mesmo assim, porque isso é um blog e eu não preciso ter certeza de nada...

Na verdade acho que alguém lê esse blog pra saber de uma viagem à Paris e não pra saber sobre o meu estado psicofísico, o que eu penso sobre mim mesmo, ou o que deixo de pensar... mas enfim... (achei que fiquei desinteressante... rs...)

O que contar, então?
Que assisti duas peças de Ibsen, de um grupo Argentino, dirigidas por Daniel Veronese, com tradução em francês e que foi bem interessante. Posso contar também que voltei pra casa do meu aniversário às 03:30h da madrugada... que peguei um ônibus e andei um pouquinho a noite, estava agradável e é super tranquilo por aqui... posso dizer que são 22:28h da noite e que a janela está aberta e eu sem camisa... posso dizer que amanhã não tenho aula... posso dizer que quando eu ler isso aqui daqui uns 2 anos vou lembrar exatamente de cada coisa e que por isso tenho vontade de escrever ainda mais... posso contar que Paris se iluminou na primavera... posso contar que eu fiz abdomnais depois da corrida de hoje... e também que eu não acreditava que a Tamy daria conta de correr tudo comigo... E que o Pedro passou mal e o médico disse que era catapora, mas ele não acreditou muito... E que comprei passagem para ir pra Gent com a Natália... posso contar que fui num espetáculo de improvisação e que apesar deles falarem muito rápido eu entendi quase tudo... \o/... inclusive as piadas... posso contar que colei tudo na parede do quarto... o mural de recados do dia da despedida, as cartas da minha mãe que vieram escondidas na mala, as cartas que chegaram à cause de mon anniversaire... posso contar que estou mais falante e puxando assunto em francês, com franceses, pra treinar mais... que agora ça marche mieux...
que meus dedos estão doendo de escrever e que paro por aqui...

terça-feira, 29 de março de 2011

Quase 2 meses!

Depois de quase dois meses, releio o primero post e deixo as lágrimas caírem.
O tempo passa rápido.
Rápido que nunca vi.
A data de volta ainda não está certa.
Já foram dois meses... 2!
Faltam quantos?
Tem férias em abril, tem término das aulas em maio.
Tem viagens daí pra frente...
Tem sonhos... muitos... e aventuras...

Tem o desejo de falar todas as línguas do mundo... tem o desejo de aproveitar mais cada dia... porque daqui a pouco acaba... mas é difícil fazer isso no cotidiano... sempre é difícil quando se cotidianiza a vida... nenhum dia é igual... nem será... mas tem uns que passam... simplesmente passam... mas é claro, passam em Paris e isso não é qualquer passagem, rs...

É passagem de 22 para 23 daqui uma semana... exatamente 1 semana... é... o primeiro aniversário fora do Brasil... (Virão outros? Quantos? Quem sabe?)
Eu que sempre tentei controlar o futuro e desde um tempo tinha o meu futuro aqui... Como diz o Obama o futuro chegou para o Brasil e há dois meses também chegou para mim... E o momento é de construir novos futuros, para que sejam de fato realizados como esse que se realiza agora...

O futuro era a primavera que chegou outro dia. O futuro agora é outro... E o presente trata de construir seus futuros... trato de acompanhar seus passos, de fazer as escolhas que posso, de me colocar vivo, atento e pensante... de planejar... de ir... (nem sempre vou, e é preciso ir mais: "sempre se precisa ir além de qualquer palavra ou de qualquer gesto" C.F.A).

Caríssimos leitores,
Obrigado pela companhia nesses dois meses... Saber que alguém lê esse blog é muito importante. É o momento de compartilhar o mundo, os pensamentos, as experiências... e chegar mais perto daí... chegar mais perto de cada um... chegar mais perto de mim, na verdade... de mim... de mim, na verdade... sim... é mais bonito quando se caminha ao lado de você mesmo... é mais bonito quando se caminha ao lado de você mesmo sabendo que não está sozinho... sabendo que tem gente aqui, aí, para o que der e vier... Obrigado! Obrigado! Obrigado!

Flores da primavera!!!






Da janela... (Do dia 16 ao dia 28 de março)








segunda-feira, 28 de março de 2011

Um outro mar... (Conexão - Barcelona)



Uma viagem à Paris inclui obviamente outras viagens, espero que muitas, pelo restante da Europa.
Sendo assim, esse blog se destina a falar não só de Paris, mas de todas as cidades visitadas.

Portanto, partimos para a primeira parada, primeira cidade visitada depois da chegada em Paris há quase dois meses.
Barcelona.


Ah Barcelona. Cidade de praia, banhada pelo Mar Mediterrâneo. Clima espanhol, mais descontraído que Paris.
Eu não tinha muitas informações prévias sobre Barcelona, sobre a Cataluña e sobre Gaudí.
Como eu ia dizendo, Barcelona é banhada pelo Mar Mediterrâneo que faz parte do Ocenano Atlântico, esse que estamos acostumados aí no Brasil. Não der pra pegar jacarezinho, ah não, a água estava gelando e foi suficiente molhar o pé nas águas do Mediterrâneo para marcar a ida a Barcelona. A areia da praia é grossa, mas nada que gere impedimento para a construção de castelinhos de areia.
Castelos são comuns na Europa. Os anos e anos vividos e conservados na arquitetura e nos museus (tanto de Paris, quanto de Barcelona, quanto do resto), são de fato incríveis pela grandiosidade, pela talvez ousadia da construção na época e pela força das pedras superpostas nos castelos, igrejas, nas ruas... O Monte Montjuïc e seu castelo estão bem no litoral e apresentam uma bela vista do já referido Mar.
Histórico também é o bairro Gótico. Com seu clima, seu cheiro, seu jeito de ser gótico... Adaptado é claro aos dias de hoje com a luminosidade das placas, os caminhões de limpeza das ruas e etc. Igrejas, histórias, praças... prédios enormes, detalhes em cada ponta de prédio, em cada fonte, em tudo... mas não muito, afinal é Gótico (séc. XII - Idade Média) e não Barroco (Séc. XVII/XVIII).


Barcelona faz parte da Cataluña (tem um mundo de coisas para saber sobre essa região) mas aqui basta contar que a Cataluña é uma comunidade autônoma espanhola e que lá se fala Catalão. Este por sua vez é mistura entre Espanhol, Português, Francês e Italiano. De fato uma língua curiosa... Todos os habitantes nascidos lá são bilíngues, falando assim Catalão e Castellano (o Espanhol mesmo).
Éramos seis. Quatro brasileiros, uma russa e uma turca. Mistura de línguas: português, francês, espanhol, catalão e inglês. O inglês está aqui pois a turca não fala francês, então todos conversavam inglês com ela... até eu, monosilábico é claro: _Sorry. Yes. Non. I'm fine. Are you ok? E já foi muito. Variávamos mais entre francês (pra minha sorte) e inglês. Sobrando algumas palavras russas que aprendi e já esqueci a confusão linguística parou por aí.

(Pode colocar a música de novo se quiser. Eu acabei de colocar.)

Esse é o clima de Barcelona. Leve. Tranquilo. Litorâneo. É possível terminar de comer e ficar na mesa jogando conversa fora, o que, não sei se já disse, não é muito possível de fazer em Paris. Comemos Paella! La primera vez que como polvo, lagosta, camarão (daqueles enormes) e mexilhão! C'était très bien.

Ah já ia me esquecendo... Quem é Antoni Gaudí?
Um arquiteto ousado do século XIX que refutava linhas retas, ângulos retos.

"Não é o ângulo reto que me atrai, nem a linha reta, dura, inflexível, criada pelo homem. O que me atrai é a curva livre e sensual, a curva que encontro nas montanhas do meu país. No curso sinuoso dos seus rios, nas ondas do mar, no corpo da mulher preferida. De curvas é feito todo o universo, o universo curvo de Einstein." (Oscar Niemeyer)

Uma arquitetura muito, mas muito interessante e que se destaca no meio da cidade. Prédios, casas e o Parque Guëll que possui a maior parte das obras. Não podemos esquecer de falar da "Sagrada Família" igreja que começou a ser construída em 19 de março de 1882 e ainda está em processo de construção. A previsão é que seja terminada entre 2020 e 2040, mas pelo que vi pode até ser mais pois ainda falta muita coisa, sobretudo a parte externa. As maiores torres da igreja no projeto original ainda não foram construídas. Mais informações em: http://www.sagradafamilia.cat/docs_instit/fundacio.php

Enfim, um apanhado breve da visita a Barcelona.
Se der tempo depois conto mais...

Eu queria escrever sobre a chegada primavera, mas ainda não deu tempo. Mas espero fazer em breve. Talvez amanhã.

P.s. As fotos estão no facebook.com/diogohort

quinta-feira, 17 de março de 2011

Oh lua branca...*


Saudade...

Esse aperto no peito; essa vontade de cantar; esse sorriso inquieto...

É saudade... Palavra que não existe em francês.

Que não se diz em francês. Que não se fala. Que não se usa. Que não se conhece.

Eu não. Conheço bem, melhor agora... Essa falta (que é a palavra que os franceses conhecem).

Mas é mais que falta... É saudade... É lembrança sorridente de cada coisa que ficou pra trás: do cachorro, do bonsai, dos amigos, dos primos, dos avós, tios, irmã, mãe... é lembrança doce... lembrança que quer cantar uma serenata... (Lua branca!) que quer homenagear esse amor de falta... saudade é essa coisa indecifrável que só meu coração sabe... saudade é esse nó na garganta que desata em cada palavra escrita, que desata em cada nota ouvida, que desata em cada letra endereçada àqueles que meu coração chama... saudade é coisa que se sente na França, agora... e nos próximos meses...


*Lua Branca - Chiquinha Gonzaga

Gravação: Espetáculo Romeu e Julieta - Grupo Galpão


terça-feira, 15 de março de 2011

Le printemps arrive...

Para ouvir isso:

Ela vem chegando...
A primavera!!! (Não sei se a Prima Vera vem para a Europa também... desculpa, me senti obrigado a fazer uma piadinha relacionando isso...)

Enfim... Acompanho ancioso as flores que chegam... algumas se abrindo... outras já esbanjando alegria e cor...















As árvores da minha janela estão no estágio inicial... Essas flores são do Campus da faculdade. Em breve coloco as fotos das minhas vizinhas de frente...

sexta-feira, 11 de março de 2011

E esse cabelo gigante...

23 euros foi o preço mínimo que achei para cortar o cabelo.
E não vou pagar... não agora...

Na verdade termino essa postagem hoje (07/04) só pra dizer que nesse dia em que eu ia postar sobre o meu cabelo, eu desisti da postagem e cortei o meu próprio cabelo na hora... uma aventura de fato...

E essa colher de nutella...

Chego em casa.
Quero um doce.
Vejo a nutella.
E como duas colheres cheias, numa velocidade curiosa e saborosa.

Por quê?

Coisas de saudade, de solidão, de ânimo, de alegria, de tempo que passa rápido...
Coisas de sorrisos no Théâtre du Soleil.

As gravações do filme foram interrompidas. Ao chegar no teatro hoje nos deparamos com o dia da arrumação, digamos assim... pegamos os aspiradores de pó e fomos ajudar a aspirar o camarim (Tamy aspirou também o palco). O camarim é imenso... Não imenso, ok... Mas o suficiente para dar a cada ator uma pequena mesa onde estão todas as suas coisas, maquiagens, espelhos, espaços, luminárias, fotos com as maquiagens pra ficar sempre igual, perucas, sapatos, figurinos e etc... Antes fizemos um pequeno tour pelo teatro (ouço "O Fantasma da ópera") conhecemos o palco, os bastidores, oficinas e etc.
Tudo é enorme... Os cenários, tudo... Somos, é claro, estranhos para todos, de menos para as brasileiras do grupo (3 atualmente) sendo que uma delas é que nos mostra tudo. Logo, temos que deixar o tour e pegar no batente mesmo. Fomos levados até Eva, uma outra atriz do grupo, que foi quem nos deu a tarefa de aspirar tudo... Ah, mas falava que éramos estranhos... sim, isso porque ser estranho no Théâtre du Soleil foi motivo para vermos e sentirmos a simpatia de todos, que davam "_Bonjour", sorriam e agradeciam o fato de nós estarmos lá ajudando na limpeza. É claro que não todos, óbvio, são mais de trinta, mas fomos bem recebidos, depois da cozinha na semana passada, dentro do teatro mesmo...
Passei pelas mesas, figurinos, maquiagens de todos... De Aline, Ana Amélia e Juliana, brasileiras com quem almoçamos logo depois... Ariane também almoçou com a gente, mas numa mesa um pouco mais distante da nossa. São muitas pessoas... Um teatro imenso, uma equipe imensa e todos recebendo o mesmo tanto e trabalhando em tudo que é necessário, da limpeza à atuação.
O novo espetáculo do Théâtre du Soleil está confirmado em outubro no Brasil (em princípio São Paulo e Porto Alegre - talvez Rio - BH está fora do roteiro mesmo). Na semana seguinte a semana que vem, esperamos anciosos acompanhar as gravações do espetáculo mesmo como público... Veremos o que acontece.
Por falar de planos futuros, a primeira viagem está marcada. Barcelona me espera no dia 24. Vamos algumas pessoas aqui da Residência de Saint-Cloud.

E a nutella?
Ah... está aqui... rs. Foi a primeira vez que comi de colher mesmo... como brigadeiro... que por sinal não dá pra fazer aqui ainda, porque leite condensado não é coisa que se acha fácil... ou não é coisa que se acha mesmo...
Coisas de outro país, de outro mundo, de mudar mesmo o que estamos acostumados... E pra nos fazer acostumar com outras coisas que depois serão tiradas no momento do regresso.
Os queijos, por exemplo, já falei deles.

Os estudos progridem com dois textos dramáticos super difíceis indicados e que serão trabalhados na disciplina de Jean-Pierre Ryngaert. Por sinal, eu deveria estar ali estudando e não escrevendo aqui... mas tudo bem... também é bom compartilhar um pouco do que se passa por aqui...

Continua tudo bem... digamos que normal... embora a normalidade seja bem relativa... por exemplo virou normal dizer que 13 graus está quente e ficar muito feliz de um dia ter estado de camisa, só camisa sem blusa de frio, um pequeno período na estação de metrô de Nanterre. Hoje estava quente de novo, um moleton fajuto me permitiu ficar tranquilo, sem frio, do lado de fora do teatro durante nossa pequena sesta. Isso, por exemplo, é normal e motivo de alegria.

Não é normal ainda pensar na economia e na praticidade e na grandiosidade que é o transporte público aqui. Pago uma quantia mensal (que não é muito caro se formos comparar com o Brasil) e posso andar o tanto que eu quiser, quantas vezes quiser, de ônibus, metrô, trem, enfim... todo transporte público. Nada disso de pagar um absurdo a cada vez que você pega um ônibus no Brasil. Felizmente, uma vez pago o valor mensal não é preciso mais se preocupar com o transporte por aqui. Aprende Brasil!

Esse é o link do Teatro de Soleil para quem não conhece e precisa conhecer. Ainda conheço pouco também e vamos assistir o espetáculo só em maio, em Nantes.

Um pote de nutella de 750g que custa 2,40 euros dura quanto tempo?
Um dia respondo a pergunta. Por hora, é hora do café da tarde. E fica a pergunta...
Cadê meu vô e minha vó? Cadê o bolo? A tortinha salgada? O biscoito de polvilho? E extrapolando... a goiabada cascão? o doce de banana? o arroz doce? o doce de leite? a coxinha? o pastel assado? o salgadinho? o feijão? ah o feijão...